(Rúben)
Sofia-Trouxe
de casa da Sara uns cd´s para vermos.
Rúben-E
porque que eu fico com medo por falares desta maneira?-ela fui até perto da
televisão,abriu a pequena portinha do DVD e depois de pousar aquelas capas todas
com os cd´s tirou um destes e colocou
dentro do DVD.
Sofia-Não
amor,são vídeos de partos.
Rúben-São
vídeos de quê?!-eu tinha ouvido mas perguntei na esperança que agora ouvisse
uma “coisa” diferente.
Sofia-Videos
de mulheres a darem à luz amor.
Rúben-Eu
sei o que são vídeos de parto,agora nunca os vi nem quero os ver.
Sofia-Rúben
por favor,são só vídeos.-sentou-se com o comando na mão.
Rúben-Sofia
eu compreendo do quereres estar informada mas precisamos mesmo de ver isto?
Sofia-Sim,assim
já sabemos o que esperamos.
Rúben-E nos
já sabemos o que esperamos,um puto chamado Filipe,não precisamos de ver isto!
Sofia-Achas
mesmo que é uma coisa tão horrível?Não percebes que é o milagre da vida?
Rúben-Não
há necessidade de ver isto,mas se queres ver..Força!
Sofia-Na,na!Eu
fui buscar estes vídeos para vermos.
Rúben-Eu
não quero ver isto.-ia já a caminho do quarto quando ela se levantou e veio até
à minha frente.
Sofia-Eu
quero que vejas comigo amor.
Rúben-Sofia
os partos é tudo a mesma coisa,não quero ver ,se queres ver estás à vontade.
Sofia-Olha
se não queres ver agora quer dizer que também não vais querer estar ao meu
lado?-olhei-a.
Rúben-Não
disse isto.
Sofia-Mas
pareceu.
Rúben-Eu
vou estar contigo,não quero é ver aqueles vídeos.
Sofia-Oh
amor não me vais deixar ver aquilo sozinha pois não?-fez beichinho.
Rúben-Ok
vejo contigo.-ela sorriu.Fomos até à sala ,sentei-me ficando ela no meio das
minhas pernas
pegou no comando.
Sofia-É um
parto da água.-carregou no paly e vi o
começo de um “filme” que nunca quis ver.-Estás a ver não é assim tão mau.-falou
alguns minutos depois.
Rúben-Isto
é porque começou agora.-ela olhou-me rebolou os olhos e voltou a olhar para a
televisão.Ficamos a ver mais alguns minutos, mas quando chegou ao ponto
dos “berros” até a Sofia desviou a cara e falou.
Sofia-O que
é que está ali a acontecer?!
Rúben-Agora não queres ver o milagre da vida amor?-vi que ela tinha ficado amuada
por usar as suas palavras contra ela.
Sofia-É um
milagre muito esquisito,e cheio de berros!-apontou com o comando para a
televisão.-Não quero ver mais.
Rúben-Já
ficaste sem vontade de ver mais?
Sofia-Isto
devia ser bonito,não com gritos e aquelas coisas.-ela tinha ficado um bocado
“assustada” com aquelas imagens,o que se compreendia já que era a sua primeira
gravidez e tinha tido estas imagens como amostra .
Rúben-Calma,pode
ser assustador mas no fim acaba da melhor forma,com o nosso filho nos braços.
Sofia-Oh
Rúben não tentes suavizar as coisas!Não és tu que vais ter que passar por
aquilo!
Rúben-Amor
calma vai correr bem.Queres comer alguma coisa?
Sofia-Mas
agora tudo se revolve comigo a comer?
Rúben-Não,só que tens comido mais nestes últimos meses e como não te quero enervada
bem que
podes comer à vontade e ficar aqui deitadinha no sofá sem qualquer
problema.
Sofia-Eu
não quero comer ,nem quero ficar deitada no sofá!Quero decidir com vai nascer o
Filipe.
Rúben-Da
maneira mais simples e normal, não?
Sofia-Achas
mesmo que é o melhor?
Rúben-Claro
que sim ,e para além disto não tens de planear estas coisas com cinco meses de
antecedência.
Sofia-E
achas que é mau da nossa parte não saber os prós e contras dos partos na agua.
Rúben-Não
.-respondi-lhe logo.-Isto do parto não tem de ser programado,dá tempo ao tempo
sim?
Sofia-Tens
razão.-beijei-lhe a nuca e levantei-me.-Estou com fome.-gargalhei a ouvi-la.
Rúben-E o
que queres?
Sofia-Podias
começar a fazer o jantar…
Rúben-E o
que queres para o jantar?
Sofia-Qualquer
coisa que possa encher bem o prato.-tentei conter o riso mas não deu.-Tem tanta
piada?
Rúben-Parece
que não comes à dias.
Sofia-Estou
a comer por dois,e se queremos que o nosso bebé venha todo rechonchudinho e
fofinho tenho de me alimentar bem.
Rúben-É o
nosso filho é a desculpa.
Sofia-Não é
desculpa,é a verdade.
(Sofia)
O Rúben foi
para a cozinha e eu olhei para aquela pilha de dvd que tinha trazido e
levantei-me.Ia arrumar aqueles numa caixa porque já não ia ver mais nada
daquilo quando tocou o meu telemóvel.
Sofia-Estou.
Joana\Maria-Olá!-sorri
ao ouvir a voz daquelas duas.
Sofia-Olá
meninas como estão.
Joana-Estamos
bem.
Maria-Como
está o bebé?
Sofia-Está
bem ,ele ainda não está cá fora.
Joana-Nós sabemos.-ouvias
rir.-E estamos a telefonar porque queremos te dizer uma coisa.
Sofia-Até tenho medo.
Maria-Não
sejas assim que foi um acto muito bonito da nossa parte!
Joana-É!
Sofia-E
posso saber o que foi?
Joana-Como
vamos ter um priminho dentro de pouco tempo,hoje comprámos uma prendinha para
ele.
Sofia-Comprarem?
Maria-Sim,com
a nossa mãe.Quando formos ai no Natal damos-te o nosso presente.
Sofia-E
preciso suspeitar de alguma coisa?
Maria-Não.
Joana-Só te
digo que foi algo personalizado.
Sofia-Está
bem ,está.
Estive a
falar com elas mais algum tempo.Mas assim que ouvi “o jantar já está pronto”
tive d
[5 meses
depois]
Cada vez
mais a minha barriga crescia e o meu desconforto com ela também.Entre
consultas,as raras reuniões e dias em casa tentava ignorar este desconforto mas
não era tarefa fácil.
Tinha
estado a planear a minha volta aos treinos que seria seis semanas depois de o
Filipe nascer,e tinha também enchido aquelas gavetas com tudo o que era
preciso.
Desde as roupas,fraldas,tudo o que necessitava para um banho etc.
Esperei
durante a manhã que o Rúben voltasse do treino para irmos à consulta.Fiz o
almoço e coloquei a mesa para não estar parada no sofá sem fazer nenhum.
![]() |
Vera |
Na
consulta,já em cima da maca esperava por alguma “novidade” do Artur.
Sofia-Então
Artur?-falei já que não aguentava estar calada.-Passa-se alguma coisa?-vi no rosto do Rúben que tinha achado
desnecessário eu ter feito aquela pergunta já que ,segundo ele,estava a fazer
filmes.
Artur-É que
o Filipe está sentado.
Sofia-E não
devia estar?
Artur-Por
estar quase no fim da gravidez não.
Sofia-Mas
vai acontecer alguma coisa?
Rúben-Tem
calma Sofia.-olhei para ele.
Artur-Não,temos
de esperar.Ele ainda tem muito tempo para dar a volta,até porque em alguns
casos eles
dão a volto pouco antes de as mães entrarem na sala de partos.
Sofia-E
isto acontece muitas vezes?
Artur-As
percentagens não são muito elevadas mas é uma possibilidade.Mas fique calma,se
tal não acontecer optamos por uma cesariana.
Sofia-Eu
não quero uma cesariana.-tanto o Artur como o Rúben pareceram ter ficado sem
saber porque tinha dito aquilo,mas a verdade era que tinha as minhas razões.-Se
tiver uma cesariana vou ter de ficar mais tempo em casa certo?
Artur-No
mínimo vai precisar de oito semanas de descanso.
Sofia-Eu
tenho de voltar para o trabalho depois de seis semanas,não dá.
Artur-Sofia
tem de ficar calma,primeiro porque está
grávida e segundo porque ainda não está nada definido. O Filipe ainda tem muito
tempo para dar a volta e não vamos pensar em outros casos,que só a deixam
enervada.
O Rúben e o
Artur lá me tentaram convencer que tudo ia correr bem,mas não era assim que eu
tinha imaginado que a minha gravidez acabasse.Queria ter um parto normal para
poder voltar ao trabalho seis semanas depois, tal como já tinha dito ao mister e
ao resto da equipa técnica.
Rúben-Tens
de ter calma amor,vais ver que ele ainda dá a volta.-sentei-me no nosso sofá .
Sofia-E se estiver sentado vou ter uma cesariana,e eu não quero ter uma cesariana.
Rúben-Sofia
calma.-abaixou-se perto de mim,tocando com a sua mão esquerda sobre a
minha.-Não vamos pensar nisto agora.Tens de descansar e até à última consulta
não tens de te preocupares com isto.
Sofia-Rúben
já disse que ia voltar a trabalhar seis semanas depois.
Rúben-Tudo
acontece por uma razão,e estamos a falar do nosso filho se o melhor for teres
uma cesariana não vamos escolher o caminho oposto.
Sofia-Sei
disto,mas vou ter de estar oito semanas parada!
Rúben-Ainda
não sabemos,por isto tem calma.Vou te preparar um lanche e vais ficar aqui
quieta.
Deu-me um
beijo na nuca e deixou ainda o comando no sofá.Lá liguei a televisão para
servir de barulho de fundo,pois não tinha grande interessa em nada de que
estava a dar.
Comi o
lanche que ele me preparou,com pouca vontade mas para não tentar “piorar” a
situação depois da consulta.
Por ter
ficado com a pulga atrás da orelha quanto aquele assunto da consulta de
hoje,fui para o meu quarto,e deitada sobre os lençóis da minha cama abri o
portátil.Fiz uma pesquisa sobre o que podemos fazer para ajudar o bebé a dar a
volta.
Apareceram
mil e um “conselhos” ,alguns deles que me deixaram com vontade de os
experimentar, por achar que poderiam ajudar, já outros que era um pouco ridículos.
Por
momentos a preguiça quase venceu mas lá com algum custo me levantei peguei na
minha mala e sai de casa com as chaves na mão.
Pelo o
caminho até ao carro mandei uma mensagem ao Rúben.Disse-lhe que ia sair,e que não tinha razões para ficar preocupado que só ia ao supermercado.
Para além
das compras trouxe alguns produtos que podiam ser “inúteis” a olhos dos outros
mas a verdade era que na minha pesquisa tinha encontrada imensas formas de
ajudar com que o meu filho desse a volta e se poderia parecer uma tótó,não me
importava.
Cheguei a
casa , sentei-me no sofá e tentei fazer o que achei ser o método mais fácil que
tinha visto.
Peguei numa
pequena lanterna e com ela ligada fui subindo e descendo apontando com aquele
raio de luz para a minha barriga.
Aquilo não
parecia que fosse resultar mas pelo menos estava a tentar mudar o facto de ele
estar sentado!Fiquei cerca de cinco minutos a fazer aquilo mas sendo realista
estava era a parecer que eu estava a precisar de ir para uma casa de saúde e
deixei a lanterna.
Ainda tinha
mais uma na manga ! Peguei numa mola,sentei-me no sofá e retirei a sapatilha e
depois de coloquei a mola no dedo mais pequeno no pé.Aquilo não era nada
agradável e por isto mesmo que nem aguentei meio minuto com aquilo e atirei a
mola para um canto.
Rúben-Está
tudo bem?-o Rúben chegou e viu-me na sala no meio daquela confusão com
lanternas,e molas.
Sofia-Sim.
Rúben-O que
andaste a fazer?-sentou-se ao meu lado e pegou na lanterna.
Sofia-Estive
a tentar fazer com que ele desse a volta.
Rúben-Amor
isto não vai acontecer do dia para a noite,ele vai dar a volta tem calma.
Sofia-E se
não der?
Rúben-Temos
de pensar positivo. Porque estar constantemente a pensar se ele vai ou não dar a
volta só te vai deixar nervosa e sabes que mãe saudável,bebé saudável.-lá ele
usou o “lema” do Artur que me repetia cada consulta.
Sofia-Sim
sei,não sou surda.
Rúben-Ele
vai dar a volta,vais ver.-olhei-o.-Mas agora explica-me isto das molas e da
lanterna?
Sofia-Então
vi na Internet que se apontássemos com a lanterna para a barriga de cima para baixo ele dava a volta.-ele riu.-Não te rias que é verdade!Podes ver se quiseres.-apontei para o
computar.
Rúben-Amor não acho que o bebe seja guiado pela luz.
Sofia-Pois
mas eu precisava de fazer alguma coisa.
Rúben-E a
mola?
Sofia-Foi
para colocar no meu dedo do pé,só que doeu muito e tirei logo.
Rúben-Isto
não resulta amor.
Sofia-Até
parece que já tentaste!
Rúben-Não,mas
acho óbvio que uma mola pressa ao pé não vá mudar alguma coisa.
Sofia-Eu
prefiro tentar,assim sempre aumento a possibilidade de ele deixar de estar
sentado!
Rúben-Está
bem.O que queres jantar?
Sofia-Não
tenho fome.
Rúben-Sabes
que vou acabar por fazer o nosso jantar por isto diz já.
Sofia-Mas
não tenho fome queres o quê?!
Rúben-Ok
então decido eu.
Ele foi
para a cozinha enquanto fiquei na sala.Olhei em redor e vi aquelas molas que
tinham ficado
espalhadas sobre o vidro da mesa da sala quando abri o pacote e
no meio delas a lanterna. Peguei num saco plástico e fui arrumando tudo aquilo.
Sofia-Queres
ajuda?-arrumado tudo o que tinha feito na sala fui para a cozinha.
Rúben-Daqui
a pouco acabo.
Sofia-Mas
posso te ajudar…
Rúben-Podes
por a mesa então.
Abri os armários dos pratos e deu inicio à minha tarefa.
No fim do
jantar deixei-me ficar no sofá,até começar com as minhas cabeçadas que fizeram
com que o Rúben me chamasse à atenção.Disse que estava na hora de ir para a
cama e mesmo não tendo vontade de me levantar tinha de ser.Ele acompanhou-me
até ao quarto e deitei-me logo.Já ele foi à casa de banho e pouco depois veio
para o meu lado.
Com uma
manhã muito monótona,depois da hora de almoço já quando o Rúben arrumava a
cozinha tocaram à campainha sendo até agora o "ponto mais alto" do meu dia.
![]() |
Sofia |
Sofia-Eu
vou!-gritei da sala,levantei-me e fui abrir a porta.-Olá.
Sara-Olá.-ela
trazia uma caixa na mão que vinha cá com um cheirinho.
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Sara |
Sofia-O que
é isto?-perguntei na sala enquanto ela se sentava.
Sara-É o
meu almoço.-olhei para a tampa da caixa.-É peixe.
Sofia-Ah
então deixa estar.-se havia coisa que eu não gostava muito era peixe.-Como
estás?
Sara-Bem,e
trouxe uma coisa para ti.-abriu a mala e
quando o fez olhei para o que era o seu almoço.
Sofia-Isto
não é peixe!-ela olhou-me ,com as mãos dentro da mala.
Sara-Ok não
é mas também só o disse porque ainda querias comer o meu almoço.
Sofia-Até
parece.
Sara-Mas em
caso de ainda quereres toma.-abri a caixa que ela me deu e tinha um pequeno
bolo.-É para ti.
Sofia-Obrigada.-sorri.
Sara-Sabia
que ias gostar.E o meu sobrinho está bom?
Sofia-Está.-não
quis falar sobre o assunto da consulta de ontem porque sabia que me ia deixar com
os nervos à flor da pele,e apesar de estar preocupada com ele estar sentado não
toquei sobre este assunto durante o almoço da Sara lá em minha casa.
Quando ela
foi embora e o Rúben para o treino fiquei eu outra vez no meio da minha tarde
que não passava de uma grande “seca”!
Voltei a
fazer a minha pesquisa tendo feito algumas das recomendações que encontrei.
Entre estar
de pernas para o ar encostada a uma parede,fui interrompida pelo o Rúben
enquanto ponha em prática o posição de elefante.
Rúben-O que
estás a fazer?
O que
estará a Sofia a fazer?